quarta-feira, 17 de março de 2010

Novo paradigma da educação!

Vou partir de um pressuposto, associado a uma questão… factos que me instigaram a reflectir (um pouco mais do que habitual)

“Todos pensam em deixar um planeta melhor para os nossos filhos… Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?”

Num dos meus grupos de reflexão, durante o almoço habitual das Terças-feiras, eis que alguém conta uma história passada há algum tempo. Vou narrá-la “adulterando” alguns aspectos. Aqui vai…
Algures na década de oitenta… num país bem pouco distante, aliás muito distante de ser país, um jovem durante seu intervalo das actividades lectivas, decidiu “apalpar” uma colega nos seus peitos, facto que ela (digna de respeito) tratou de relatar ao responsável do estabelecimento educativo. Este, detentor de uma pedagogia activa, pregou um valente estaladão ao prevaricador, convidando-o de seguida a ouvir a sua explicação para tal acção. Explicou ele…
(lembram-se do diácono remédios? Incorporem essa personagem, por instantes!)
-” meu caro jovem, não deves afagar o peito da tua colega, pois vocês são muito novos para tal. Cresce e depois, quando os peitos da tua colega já estiverem madurinhos, poderás fazê-lo, se ela o permitir! Vá, podes ir…”
Cá está um exemplo de pedagogia, quase perfeito! Basicamente obedece à seguinte linha de pensamento:
prevaricação --» castigo (no imediato) --» e acção pedagógica de seguida.

Cá estamos nós em 2010 e… vejamos como as coisas são diferentes.
Convém fazer um grande parêntesis. Temos de reflectir sobre três premissas/dúvidas que se me colocam:
Tal acto é condenável (ou seja, não admissível para o ofendido)?;
Iria existir uma queixa?
Iria haver uma consequência?
Se a resposta a estas questões for SIM, então provavelmente não estaremos em 2010, nem neste sistema de ensino, nem neste país! Mas vamos partir do princípio que era mesmo assim! Como decorreria o procedimento?

Fase 1 – Queixa da ofendida ao responsável. Primeira dificuldade… quem é o responsável? Funcionário que vigia o recinto, director de turma, director? Bem não interessa! Fosse qual fosse o interveniente a resposta seria muito provavelmente uma destas (p.f. escolher a que mais achar oportuna):
“Queixinhas, vens cá fazer barulho por isso, pensas que não tenho mais nada para fazer? “ (versão daquele que tem sempre muito trabalho, mas que não faz a ponta de um chavelho)
“De certeza que a culpa é tua, tu metes-te com eles!”
(versão daquele que criou uma filha do tipo maria-rapaz)
“Deixa lá, mas se isso acontecer outra vez, vem cá dizer-me que eu…!”
(versão do justiceiro, muito justo, que não falha, mas… na próxima é que vai ser)
Oh! Deixa lá, tu até gostaste! (versão do protótipo de macho, quero dizer porco, com a sua habitual sensibilidade extrema!)

Fase 2 – Consequência do acto ilícito.
Manda-se inquirir testemunhas, cada uma com seu relatório sobre o sucedido. Apensa-se a versão da ofendida. Acrescenta-se o relatório do prevaricador. Procura-se/vasculha-se por entre a papelada para aferir se não há um qualquer relatório de algum psicólogo que em tempos acompanhou o prevaricador e, que em alguma alínea, aponta a explicação para o sucedido (ATENÇÃO- respeito e muito o papel do psicólogo, acho mesmo ser uma mais-valia para o sistema de ensino, apenas condeno os “prostitutos da psicologia”). Comunica-se ao Encarregado de educação. Nomeia-se um instrutor para o processo (Instrutor? O processo sabe conduzir e… vai direitinho para o arquivo… morto). Elabora-se mais um relatório com todos os factos ocorridos, mais os dignos de relevo na história educativa do prevaricador, mais, mais … tudo com timings apertadíssimos, mas que já distam da ocorrência no mínimo uma semana, a correr bem. Cá está a acção just in time! Convoca-se uma reunião para decidir as medidas e já ninguém se lembra do motivo da reunião, tanto mais porque, o prevaricador, já prevaricou mais duas ou três vezes. (lembram-se do estaladão que o outro levou na década de oitenta? Não que defenda a punição física, mas ele não se esqueceu e relembra ainda hoje o motivo… pelo que me contaram…!).
Voltando à consequência… já se tinham esquecido? É melhor esquecer…

Fase 3 – Medida pedagógica – Muito provavelmente a consequência mais adequada seria, obrigar o “ser vivo” a passar a limpo os cadernos de físico-quimica, ou o de geografia. Ao fazê-lo, claro que jamais voltaria a cometer o mesmo erro! Aquilo servira-lhe de lição!
Não se pode fazer mais nada exclamam os mais… conformados! Pois não, concordo eu! Por este andar não valerá mesmo a pena! Ah! Já passaram três semanas, desde o sucedido!

Epílogo
Já alguém ouviu falar de autoridade? Seja ela de que tipo for! Aplica-se aos professores, mas de igual modo às forças da ordem, aos pais, avós, às pessoas com responsabilidade social…
Já alguém reflectiu sobre o que estamos a construir? Crianças sem educação, grupos sem razão, políticos com corrupção…
Como vai ser o amanhã? Logo se verá!
No meu papel insignificante enquanto membro activo da sociedade, sublinho insignificante, relembro as palavras sábias de José Régio…

“Não sei por onde vou, não sei para onde vou,
(mas) sei que não vou por aí!
Será que eu podia não ser assim?
Podia...mas não seria a mesma coisa!

quinta-feira, 4 de março de 2010

A saga dos "termoventiladores"...

É vê-los desfilar… Parece moda, mas não é! Trata-se uma necessidade real.
Aqui surge um nicho, ainda pouco explorado e cuja implantação no mercado teria, certamente enorme sucesso. De que falo? Calma… já lá vamos! Leitores apressados!
Num dos meus locais de trabalho (não revelo qual… pois receio um procedimento disciplinar!!! Olha eu cheio de medo!), surge amiúde este fenómeno. É ver cada um dos trabalhadores carregadinhos, com as suas papeladas (não se trata de um trabalho burocrático… nada!) mais ou menos organizada/amontoadas e o seu “apêndice”. Aqui, neste particular é que surge a curiosidade da história. De que se trata? Nada mais, nada menos do que o termoventilador. Esse aparelho tão acolhedor que substitui-se à energia do sol nos dias menos ensolarados. Aconchego de tantos, o aparelho passou a fazer parte da “indumentária” dos profissionais da educação. Brevemente vamos ver a elite dos aparelhos: Termo Dolce Gabana, Louis Vitton Termo, TermoGant, … Já estou a imaginar um conjunto de “protocolos encapuçados” do género:
“Sr. Professor se divulgar o termoventilador da nossa marca junto dos seus colegas de grupo, oferecemo-los a todos os colegas no próximo ano lectivo. Não se esqueça…só têm de o adoptar!”
Porque surge esta moda?
A minha teoria, e é só minha…tão elaborada resume-se ao seguinte:
“O pessoal tem frio!!
Não existem condições de trabalho dignas, decentes… como se vivêssemos perto do Golfo de Bótnia, mas na realidade trata-se do Porto de Leixões”.
Temos o Plano Tecnológico, temos Quadros Interactivos, temos E-escolas e Magalhães, temos projectores multimédia (mesmo que a maior parte dos utilizadores…ainda não tenha percebido as suas funções. Isto é um aparte…), temos clubes de A a Z, temos tanta coisa que acrescenta, tanto e tão pouco, mas …não temos conforto térmico! Temos frio, carago!
Temos Directores, assessores, coordenadores, subcoordenadores, mas… também eles devem ter frio! Aqueçam-nos o corpo (não levem à letra alunos e Encarregados de Educação), porque o espírito dificilmente será aquecido nesta missão tão ingrata de cultivar nos outros sementes de cidadania.
Aqui está a desculpa perfeita: É do frio!