O estranho caso que vos vou narrar relata uma personagem que um grupo de alunos do extinto Forpescas criou. Em homenagem ao seu coordenador de turma, e com um temor extremo que esse “bicho” lhes causava, os formandos da turma de Marinhagem, do longínquo ano de 2003, fantasiaram que o seu coordenar de turma tratava-se dum um membro infiltrado da PJ, que estava ali com um único propósito – “controlar”! O que é certo é que, com esse medo, ou respeito, ou fantasia, os resultados foram muito positivos, não para nenhuma investigação, mas sim para a vida de cada um desses formandos que por ali passou.
O que é que esta história tem de especial? Nada! A não ser as coincidências do ano de 2010. Já lá vamos.
O que é certo é que, turma após turma, curso após curso, o professor infiltrado foi ganhando consistência e momentos houve em que a fantasia e realidade se confundiam. À sua maneira aquela personagem era uma referência para aqueles grupos de formandos. Ao longo dos anos as alcunhas atribuídas àquele “ser” foram variando – inspector, big boss, PJ, o bófia, … (só coloco aqui as que se podem ler!)- mas a base estava sempre lá! O “gajo” era mesmo um controlador! Os factos iam fluindo tão naturalmente que aquela história começava a fazer sentido a cada pormenor. Parecia nada escapar do olhar do big boss. Ele tinha tudo sobre controlo, de tal forma que conseguia saber coisas que o próprio nem queria ouvir falar! A dada altura essa personagem era alimentada por todos os restantes colegas da equipa formativa, que continuamente tornam aqueles simples formador, numa espécie de “monstro sagrado da investigação criminal”. Certo, certo é que … algumas coisas, alguns problemas foram solucionados, devido a essa imagem, devido à presença desse ser místico, que por ali pairava.
O que isto tem a ver com 2010? Já lá vamos.
Após algum tempo de afastamento com essas turmas de jovens, essa personagem foi caindo no esquecimento. Era apenas lembrada pelos colegas de equipa formativa, quando se encontravam neste ou naquele curso. Alguns desse colegas ainda continuam a insistir e é frequente receber e-mails dirigidos ao “big boss”, ao “PJ”.
Mas o tempo foi-se encarregado de apagar a força que essa personagem já teve… eis se não quando…
Corria o não de 2010… e numa realidade diferente, numa turma CEF da escola de Guifões, os formandos encontram-se todos apreensivos e questionam tudo e todos se têm um professor que é infiltrado. Como chegaram lá? Laços familiares e de amizade entrecruzaram estas duas realidades e os “criadores” do inspector, “avisaram” os novos para terem muito cuidado porque esse professor é infiltrado.
Ontem, num Conselho de Turma deparo-me com toda a força do “PJ de outros tempos”, pois os colegas, todos comentavam as inúmeras preocupações dos alunos, e não só os da turma referida, bem como de outras! A gargalhada foi geral, depois de desvendada toda a história. Mas todos foram também unânimes em perceber que aquela personagem podia ser importante como estratégia pedagógica! Vejam bem ao que chegamos. Bom mas pelo menos tenho a hipótese de “anexar” essa evidência à minha avaliação!
Certo, certo é que na passada segunda feira consegui estar 90 minutos em sala e os meus CEF com um comportamento exemplar! E pensava eu que era pelas minhas qualidades enquanto professor! Descobri então, que como professor sou fraquinho, mas … como Inspector…não sei não! Quem sabe se não é mais uma oportunidade de mudar de vida!
Saudações policiais.